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segunda-feira, outubro 31, 2005

" Então bruscamente ataca-me todo o corpo, as visceras, a garganta, o absurdo negro, o absurdo córneo, a estúpida inverosimilhança da morte. Como é possivel? Onde a realidade profunda da tua pessoa, meu velho? Onde, não os teus olhos, mas o teu olhar?, não a tua boca, mas o espirito que a vivia? Onde, não os teus pés ou as mãos mas aquilo que eras tu e se exprimia ai? Vejo, vejo, céus, eu vejo aquilo que te habitava e eras tu e sei que isso não era nada, que era um puro arranjo de nervos, carne e ossos agora a apodrecerem. Mas o que me estrangula de pânico, me sufoca de vertigem é teres sido vivo, é tu estares ainda uno para mim (...) Sou um indizivel equilibrio interior. Vivi, agi, toquei com as mãos tanta ilusão consistente. Depois a ilusão desfez-se. (...) Então eu descobri que as mãos estavam impuras".



aparição, vergílio ferreira

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